Por que é tão difícil mudar?

18 de março de 2020

Por Newton Rodrigues-Lima

Por que existem tantas coisas que temos dificuldade de fazer: acordar cedo e levantar para malhar; poupar, em vez de comprar aquele objeto de desejo; evitar interrupções e nos concentrarmos no trabalho; deixarmos uma mensagem do WhatsApp sem resposta, assim que chega; estudar, quando há coisas mais divertidas para fazer; ignorar aquela comida que mais gostamos na geladeira, etc.?

Como administrar a nós mesmos, para “fazer o que temos que fazer”?

Como mencionei no artigo anterior, a Neurociência nos ajuda muito ao esclarecer como funciona o nosso cérebro, e esse entendimento nos possibilita decidir melhor, alcançar os resultados que queremos, romper inércias mentais e, consequentemente, sermos mais felizes e obtermos mais sucesso em nossas vidas.

Para facilitar as respostas às perguntas feitas acima, me permitam acrescentar mais uma metáfora. Vamos associar o Sistema 1 – nosso piloto automático, o nosso cérebro que sente e reage, e é rápido, intuitivo, inconsciente e emocional – a um Elefante, de 4 toneladas. E o Sistema 2 – o cérebro que pensa, racional e consciente – à pessoa que monta nesse elefante e é o seu Condutor. Essa metáfora foi muito bem criada pelo Professor de Administração Richard L. Daft, da Vanderbilt University [1].

O Elefante prefere seguir impulsos e desejos, prioriza o mais fácil, mais prazeroso, mais simples, mais rápido e que exige menor esforço. Baseia suas decisões em registros de experiências passadas e em hábitos. Geralmente, chamamos isso de nossa Zona de Conforto. Então, toda vez que queremos fazer algo que vá contra essas preferências, o Condutor (nosso cérebro racional, Sistema 2) precisa fazer um esforço enorme e usar táticas para conseguir influenciar o Elefante a fazer coisas que ele não quer fazer, mas que sabemos que deve, pois são importantes.

Entender essa metáfora nos ajuda muito a entender o que acontece em nossa cabeça, nas situações iniciais deste artigo.

Como superar essas ocasiões, em que sabemos que algo é importante, mas que uma energia interna nos impede, resiste à mudança? A seguir, eu relaciono algumas ações que contribuem para superar essa inércia.

  • Conheça-se a si mesmo! Tenha consciência de suas limitações e capacidades.
  • Defina Metas e prazos, para tudo: financeiras, de carreira, de capacitação, voltadas para a sua saúde, espiritualidade, para os seus relacionamentos (namorado(a), família, amigos etc.), entretenimento, entre outros. Atenção: quanto mais específicas, mensuráveis, ambiciosas, mas realistas, forem as metas, melhor. E não se esqueça dos prazos: Metas sem prazos são apenas sonhos…
  • Visualize e verbalize o que quer. Imagine e torne tangível o resultado que deseja alcançar. Pense nos benefícios que vai obter, quando atingir os resultados que almeja. Mantenha o foco no resultado!
  • Crie pequenas sentenças e as repita, muitas vezes, ao longo do dia, para registrar no seu inconsciente e mudar eventuais crenças limitadoras ou inércias. (Ex.: “Eu posso, eu quero, eu mereço, eu vou conseguir!”; “A cada dia e a cada desafio me sinto mais saudável, mais saudável!” (ou mais forte, mais protegido, mais corajoso, mais autoconfiante etc.). Como diz o Coach Anthony Robbins, “A repetição é a mãe da habilidade!”. Repita e repita até gravar na sua mente.
  • Priorize e crie planos de ações para alcançar aquelas metas mais relevantes, para um determinado período (no trimestre, semestre, no ano etc.). E mais importante, se conscientize de que somente as Ações trazem resultados. Os seus Planos de Ações são meros guias… O que vai levá-lo aos resultados desejados são suas Ações.
  • Se mantenha fora de sua Zona de Conforto. Sinta prazer em desafiar o seu Elefante interior e vencer a inércia, a preguiça de realizar o que planejou e sabe que é importante. Aja!
  • Mantenha a calma… o seu Elefante interior precisa que você o conduza com calma. Em alguns momentos, é possível que você não consiga executar o que planejou. Você sentirá como uma pessoa que não tem força de vontade, que fraquejou. E nesta hora, será preciso “respirar”, avaliar o que aconteceu, e replanejar. Persistência é um atributo essencial nesse processo.

No próximo post, indicarei mais ações que podem lhe ajudar a romper a inércia.

Pense que, como líder [executivo(a), pai ou mãe, cônjuge] você tem várias pessoas a influenciar, e isso significa ter vários elefantes a tirar da inércia… este é o papel do líder: influenciar as pessoas a alcançarem objetivos.

Aplique em sua vida, avalie os resultados e, se gostou, deixe seus comentários. Continuaremos em breve.

[1] DAFT, Richard L. O Executivo e o Elefante: um guia de liderança para atingir a excelência interior, Editora Novo Conceito. 2013.